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sob uma belíssima tenda negra do beduíno sem tribo, nasci. Vaguei por desertos e mares, vivendo de pilhagens em nações com Estado e da hospitalidade de povos sem pátria. Daí insurgi contra todas as imagens miseráveis da condição humana. Este é meu diário de bordo.

sábado, 23 de maio de 2009

estrelas fugazes que se desvanecem na noite

pura hipótese, ser fictício, horizonte imaginado, sonho afirmativo, experimento de loucura, delírio entusiasmado, virtude utópica, enbriaguês por heterotopias! sim, reivindico o impensável no poder! chuto por todo o convés de meu navio fantasma todo espreguiçar-se do realimo conformista!

sem melancolia ou algum sentimento nostálgico, ou sem dó nem piedade, faço caminhar pela prancha para servir de alimento para meus tubarões virtuais, o impresso clássico chamado livro - suporte estático bidimensional de símbolos fixos que se sucedem linearmente. assumo o risco da irreversibilidade de que meu tempo não se destina mais à leitura. imagens animadas e músicas me elevam mais as emoções.

não aquelas veiculadas no cinema e na televisão - mães de leite da geração espetacular. essas atingem tão somente uma pequena parte de meu universo sensorial. me são insuficientes para abstrações e construções de universos poderosos. não são autônomas, muito menos jogam entre si. são extremamente geladas. entorpecem o tempo todo. adormecem as extremidades do corpo e nos fazem, cada vez mais, parecermos com o arquétipo da mais nova divindade da era tecnológica: o e.t. [corpo esquelético e de estatura baixa, pois não mais exercitamos os músculos; assexuado; monótono em sua cor cinza; dedos alongados melhor adaptados para o joistick, o teclado e os controles-remotos; olhos grandes e esbugalhados para as telas planas de 500 polegadas; e, por fim uma cabeça enorme para guardar todo entretenimento possível.]

multipliquenos nossos poderes! escrever mais do que duplicar a fala - transbordá-la à experiências sensoriais; superar o verbo divino. raciocinar mais do que formular argumentos - elevá-lo ao nível da criação e do fazer funcionar situações para a experiência; superar a lógica do terceiro excluído. compreender mais do que significar - experimentar, encenar, explorar e perverter; superar uma idéia, uma teoria e uma frase trepando com ela. comunicar mais do que esperar a vez de falar - pôr em movimento universos inteiros ao mesmo tempo em que se perde em outros; superar a relação emissor-receptor.

meus sentimentos antitelevisão, póslivro e paracinema, me evoca algo simples só para começar: imaginemos que as mil e uma noites, deixe de existir como livro ou como adaptação para o cinema, que la seja apenas uma espécie de rota de caravanas, onde se realizem troca de seda, de especiarias e de hipercenários culturais... ora nos servindo como dicionário de ideogramas, ora nos intimando à explorar, modular e encenar seus atos, seja em pesquisas científicas, em educação, em comunicação grupal, em lazer e diversão. pois bem, deixo agora vocês imaginando, enquanto vou aqui em baixo, num buteco desta periferia de brasília, tomar uns tragos e trocar umas instruções de conduta de vida antes que algum sóbrio sacana as use para organizar algum estado.

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