estrelas fugazes que se desvanecem na noite
pura hipótese, ser fictício, horizonte imaginado, sonho afirmativo, experimento de loucura, delírio entusiasmado, virtude utópica, enbriaguês por heterotopias! sim, reivindico o impensável no poder! chuto por todo o convés de meu navio fantasma todo espreguiçar-se do realimo conformista!
sem melancolia ou algum sentimento nostálgico, ou sem dó nem piedade, faço caminhar pela prancha para servir de alimento para meus tubarões virtuais, o impresso clássico chamado livro - suporte estático bidimensional de símbolos fixos que se sucedem linearmente. assumo o risco da irreversibilidade de que meu tempo não se destina mais à leitura. imagens animadas e músicas me elevam mais as emoções.
não aquelas veiculadas no cinema e na televisão - mães de leite da geração espetacular. essas atingem tão somente uma pequena parte de meu universo sensorial. me são insuficientes para abstrações e construções de universos poderosos. não são autônomas, muito menos jogam entre si. são extremamente geladas. entorpecem o tempo todo. adormecem as extremidades do corpo e nos fazem, cada vez mais, parecermos com o arquétipo da mais nova divindade da era tecnológica: o e.t. [corpo esquelético e de estatura baixa, pois não mais exercitamos os músculos; assexuado; monótono em sua cor cinza; dedos alongados melhor adaptados para o joistick, o teclado e os controles-remotos; olhos grandes e esbugalhados para as telas planas de 500 polegadas; e, por fim uma cabeça enorme para guardar todo entretenimento possível.]
multipliquenos nossos poderes! escrever mais do que duplicar a fala - transbordá-la à experiências sensoriais; superar o verbo divino. raciocinar mais do que formular argumentos - elevá-lo ao nível da criação e do fazer funcionar situações para a experiência; superar a lógica do terceiro excluído. compreender mais do que significar - experimentar, encenar, explorar e perverter; superar uma idéia, uma teoria e uma frase trepando com ela. comunicar mais do que esperar a vez de falar - pôr em movimento universos inteiros ao mesmo tempo em que se perde em outros; superar a relação emissor-receptor.
meus sentimentos antitelevisão, póslivro e paracinema, me evoca algo simples só para começar: imaginemos que as mil e uma noites, deixe de existir como livro ou como adaptação para o cinema, que la seja apenas uma espécie de rota de caravanas, onde se realizem troca de seda, de especiarias e de hipercenários culturais... ora nos servindo como dicionário de ideogramas, ora nos intimando à explorar, modular e encenar seus atos, seja em pesquisas científicas, em educação, em comunicação grupal, em lazer e diversão. pois bem, deixo agora vocês imaginando, enquanto vou aqui em baixo, num buteco desta periferia de brasília, tomar uns tragos e trocar umas instruções de conduta de vida antes que algum sóbrio sacana as use para organizar algum estado.
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