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sob uma belíssima tenda negra do beduíno sem tribo, nasci. Vaguei por desertos e mares, vivendo de pilhagens em nações com Estado e da hospitalidade de povos sem pátria. Daí insurgi contra todas as imagens miseráveis da condição humana. Este é meu diário de bordo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

a vida não reprimida não se movimenta por pensamentos

os indianos pensavam a partir dos vedas e de suas vertentes budistas e jainistas. já na china, o ponto de partida eram o taoísmo, o confucionismo e o maoísmo. os antigos persas viam se às voltas do dualismo de zaratustra. em decorrência às conquistas de alexandre, o grande, a filosofia helenística dos gregos se difundiu. o islamismo dos árabes do século xii foi o responsável por introduzir a ciência e a filosofia na europa. e as guerras coloniais realizaram a reforma agrária do "velho mundo" no "novo mundo" das américas, trazendo consigo o pensamento cristão e o empurraram goela abaixo de indígenas e africanos tragos para cá a força.

pois bem, inspirado por todos esses fluxos e refluxos materias e imateriais da história, o pensamento já seria, por ele mesmo, algo que se conformaria a um modelo pilhado da atuação anexionista dos estados e das nações. seria um gigantesco paquiderme fixado por objetivos e caminhos precisos e viciado em capturar e edificar fundações. ora míticas ora racionais. mas sempre no movimento inercial obeso de bem dizer os poderes estabelecidos pela guerra e pela coação econômica. assim chegamos aos estados-nações contemporâneos, onde sem choro nem vela, o economista substitui o filósofo.

tamanho elefante branco tornou-se modelo e inspiração: leitor sedentário que intope suas artérias: obesidade mórbida espiritual! não o espírito dos crentes telecinéticos sofredores de nanismo intelectual. sim o espírito denso e dançante dos humores que animam tudo o que é vivo em nossos corpos. e nós? os últimos bérberes de metabolismo rápido, novos ciganos sem a proteção dos laços de sangue, tuaregues marginais aos princípios da cidade, os sem tribo, ou se preferirem... e nós? a sociedade dos que não tem sociedade? chamemos de pensamento os nossos delírios, devaneios, sonhos, desejos, inspirações? se nada mais nos serve como medida segura. se não há mais critério para todas as coisas.

ontem conversei com um senhor que se dizia ter o pensamento nômade. mas fato estranho! não parava de me recitar trechos da obra de seu guru supremo, um cara chamado deleuze. parecia um cachorro correndo atrás do próprio rabo. pensamento como não-pensamento. ação como não-ação. desejo como não-desejo. não consegui manter um diálogo. só pude lhe dizer uma só coisa: se ler, destrua o livro, depois esqueça-o com ações.

hoje, fui parado por um policial rodoviário à caminho de sobradinho (df), como eu não tinha o documento da moto que eu dirigia, só havia uma possibilidade de continuar minha viagem: eu teria de usar todos os pensamentos possíveis, elaborados por anos a fio no seio de escolas e outros presídios legitimados, para convencê-lo do porque ele teria que deixar eu seguir em frente. pois bem, reduzi a velocidade... quando eu ía parar... ou melhor, quando o policial achou que eu iria parar! joguei minha mochila - que tinha só umas roupas - perto dele. enquanto se distraiu, fiz uma curva brusca rumo à uma concessionária de carros que fica ao lado do posto de controle rodoviário. atrás dela encontrei uma estrada de chão que me levou direto à uma tal colônia agrícola chamada "córrego do urubu" - ao lado da cidade satélite "varjão". na qual fui direto à uma oficina mecânica. verdadeiro templo de sábios. um deles, talvez um ansião de sua hospitaleira tribo, logo me indicou o caminho que eu precisava para a verdade e à vida: um caminho direto entre brasília e sobradinho sem ter que me topar com os agentes da repressão contra insurgentes.

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