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sob uma belíssima tenda negra do beduíno sem tribo, nasci. Vaguei por desertos e mares, vivendo de pilhagens em nações com Estado e da hospitalidade de povos sem pátria. Daí insurgi contra todas as imagens miseráveis da condição humana. Este é meu diário de bordo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

nos embalos (التهويدات) da bossa nova

não há coisa melhor do que se perder em uma cidade estranha (الأجنبية). mas se perder mesmo: perdição (الجحيم). passando pelo rio de janeiro, me apresentaram o que me disseram ser o melhor da música popular brasileira. algo refinado (المكرر). me fizeram ouvir bossa nova.  tive a seguinte impressão:

décadas de 1950 e 1960, rio de janeiro, um grupo de pessoas negras (سليل), em volta de alguma mesa de buteco na favela (الأحياء الفقيرة) onde moravam, alguns copos com cerveja barata, um violão gasto pelo tempo e um tamborete de couro (خزفية): ah! impossível ficar parado. a música entra pelos poros, atinge a corrente sanguínea, vai até o coração e solta seu quadril.

acho que, por algum tipo de inveja (الحسد) não dita (المخفي), na mesma cidade, e nas mesmas décadas, um grupo de pessoas brancas (البيض) da classe média (المتوسطة), em volta de alguma mesa de bar em copacabana, bebericando uisque do bom, e com um violão novinho em folha: ah, uma música para quem sofre de insônia (الأرق). ah, que cochilo (قيلولة) gostoso. enfim, pude dormir já nos primeiros acordes. recarregar minhas baterias para voltar aos butecos da favela.
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domingo, 22 de novembro de 2009

que seja pelo que faço (الإجراءات)

estou no brasil tempo suficiente. tive contato com os mais diversos grupos e pessoas. vi, ouvi e li de quase um todo. também, falei, conversei e escrevi muito. após isso entendi uma peculiaridade da liberdade de expressão (حرية التعبير) que ocorre por essa parte do planeta:

a extrema direita (المحافظون) brasileira (família e agregados - centros e até representantes da esquerda - descendentes dos colonizadores), hoje filhos e filhas da ditadura militar (ديكتاتورية), aliadas/os à política internacional estadunidense, hoje jornalistas e formadores/as de opinião dos meios corporativos de imprensa, usam e abusam de seus lugares de fala e dos seus poderes de propagação. têm a seu dispôs as mais variadas armas. as mais usadas contra a liberdade de expressão alheia são "os crimes contra a honra" (جرائم الشرف) - calúnia (القذف), difamação (التشهير) e injúria (إصابة).

a liberdade de expressão do brasil é mero instrumento para identificar quem fala o que realmente deve ser dito, para daí recomeçar, com métodos mais refinados dos que os utilizados no passado, a caça às bruxas (حملة ضد المعارضين). darei alguns exemplos:

  1. "o grupo tortura nunca Mais/RJ foi condenado a reparar, a título de danos morais, os policiais federais roberto jaureguiber prel júnior, luiz oswaldo vargas de aguiar, luiz amado machado e anísio pereira dos santos. o processo encontra-se em fase de execução de sentença".
  2. advogada índia diz que 21 lideranças indígenas foram assassinadas em 30 anos.
  3. policia civil indicia a federação anarquista gaúcha por difamação contra yeda crusius.
  4. grampos contra mst.
  5. "bolsa guerrilha".
uma de minhas últimas vergonhas (خزي) é ser condenado por falar (يتحدث). contra ela faço de tudo para, se me condenarem, que seja pelas minhas ações (الإجراءات).
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

meu absurdo (السخف): não tem jeito d'eu não ser livre

não há nada mais concreto (ملموسة) do que o ethos facista (روح الفاشية). eis a prova: certezas imediatas! - a identidade social formada pelo mínimo esforço (الحد الأدنى من الجهد) potencializado pela máxima idiotice (البلاهة الأقصى). engano pensar que tal ethos é privilégio apenas de uma maioria embrutecida (شخص بليد), pois ela se refina. torna-se síntese na minoria esclarecida (أرستقراطية). quantas são as velhas práticas grosseiras justificadas por novas idéias? quantas fronteiras, que já não fazem o menor sentido - mente/corpo, natural/artificial e vida/morte -, ainda são defendidas? quantas pessoas corajosas, portanto únicas, são acossadas, banidas e até aniquiladas, tanto pela maioria quanto pelas minorias?

sendo o ethos facista concreto, o ethos livre é tornado etéreo, além da realidade, metafísico e utópico. o ethos livre (الموسوعة الروح) lhe é tão perigoso, proporcionalmente ao arriscar-se livre. a escolha por insurgir (المتمرد) contra a ordenação social vigente é prova pelo absurdo que o concreto só existe enquanto acosso (التحرش) e humilhação (الإذلال). a absurdidade (سخف) que é viver sem medo, sem culpa ou sem nenhuma vergonha. a absurdidade de não ter alma (روح) para ser disputada por demônios e divindades mesquinhas. a absudidade de existir alegremente enquanto entidade biológica finita (الكيان البيولوجي محدود) que nada tem de especial frente à natureza. absurdidade que jamais vê algo de essencial (ضروري) no estabeleciemento social de normas e condutas.

declaro guerra contra a concretude do ethos facista. não a guerra entre reacionarismos (الرجعية). declaro uma grande guerra, não por melhores condições de vida. mas, sim a guerra pela própria vida.
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terça-feira, 3 de novembro de 2009

o nazismo espontâneo (النازية عفوية) das massas

por muito tempo pensei que o domingo era o dia internacional da manifestação do espírito avarento (روح طامع). estando este, livre da obrigação do trabalho, da escola e da obediência voluntária dos laços de família, o domingo era sua própria impossibilidade para ficar a sós consigo mesmo. o único dia da semana em que se pode fazer qualquer coisa que quiser da vida, viver lhe é impossível. o espírito avarento sobrevive com doses alopáticas de entretenimento. um dia inteiro sobrevivendo com a angústia de que o próximo dia será segunda-feira - o eterno retorno do ilusório embriagante (مخمور): trabalho, família e pátria. um dia inteiro sobrevivendo com o ódio de si mesmo (كراهية الذات) - mais incômodo que todos seus inimigos juntos - conspirando em favor do esvaziamento (إفراغ) de tudo o que é valioso, único, sem medo, sem culpa, e de intenso prazer. 

o pior do espírito avarento é a qualidade da convicção (الإدانة). não sabe e, muito menos, experimenta o suficiente, mas já é pleno em certezas. uma espécie de força contra qualquer outro espírito que adota a liberdade de estar pelo mundo (ويجري في العال). pois, pensar na possibilidade de que haja um outro espírito que possa se auto-afirmar de modo livre, sem o fardo da tradição e sem a ansiedade do que está por vir, para o avarento, é humilhante. e pior! a humilhação (الإذلال) vai tomando potência, como um cobra preparando seu bote. porém, sem alvo específico. torna-se um galpão de fogos de artifício prestes a explodir. a inveja, o ciúme e o ódio mal educado do avarento vão fermentando até chegar no estado de maturação irreversível do querer aniquilar (يريدون تدمي). torna-se algo de uma dor profunda.

ingenuidade, a minha, em pensar que apenas um dia na semana era o suficiente para o espírito avarento se manifestar. vão desejo de que em sua convicção havia um pouco de prudência ou timidez.o espírito avarento se manifesta enquanto riqueza espontânea dos meios de aniquilar. hum... acho que vou descrever esta minha extrapolação (الاستقراء) de outro modo mais reconhecível. ah! tenho uma notícia de jornal que vai me servir: a garota hostilizada por uma universidade inteira por estar usando uma mini-saia. vamos lá. geisy é o nome de meu espírito exuberante (الروح المرحة). alunos, alunas, professores, professoras, e seguranças são as manifestações, em tempo real, do espírito avarento na uniban - nome perfeito para um lugar de educação do desejo de aniquilar, universidade bandeirante! (كشافة) - porém, o tanto de manifestações atrasadas desse espírito não é brincadeira.

geisy, meu espírito exuberante, se auto-afirmou enquanto beleza feminina. uma amazona (الأمازون) orgulhosa de si. impecavelmente livre. sem culpas, sem arrependimentos e sem ressentimentos com o nazismo (النازية) espontâneo da turba (الغوغاء). geisy não precisa de fama. não precisa que sua intimidade seja exposta por câmeras de celulares nem especulada pela imprensa dita imparcial. uma mini-saia não é uma carta de intenções pornográficas (المواد الإباحية) de quem a usa. muito menos é um sinal verde para que machos (ذكور) ataquem físicamente ou que fêmeas (الإناث) acossarem moralmente. mini-saia é expressão de liberdade. é expressão de se estar no mundo de modo à vontade. independentemente se as pernas forem bonitas ou feias. não é uma questão estética apenas. é questão de ser, de vida (حياة) e vivência (تجربة). a mini-saia de geisy não é, e jamais foi, responsável por trazer à tona o querer aniquilar do nazismo espontâneo de uma sociedade aborrecida, invejosa, ciumenta e vingativa contra tudo o que é auto-afirmativo e prazeroso. as pernas expostas de geisy foram apenas um álibi para a manifestação inevitável do espírito avarento que a natureza, em sua indiferença fundamental, produz aos montes pelo mundo.
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

nova e velha idade (الجديد والشيخوخة)

desde a segundo metade da década de 1980, vejo dentre as pessoas, que é entre os 20 e 25 anos o autêntico período da manifestação do que é latente (كامن ): a incapacidade para o trabalho livre. essa faixa etária é crucial. é o momento em que a obediência (الطاعة) se torna motivo de orgulho (فخر). obedecer torna-se nobre (النبيل). a preguiça (الكسل ) torna-se 'ser realista'. a rebeldia (تمرد) torna-se anedotas (النكات). enfim, toda a força dos interesses de liberdade, da grande tarefa de viver em circunstâncias mais livres, enfraquece em prol das condições de parecerem muito, sendo tão pouco.

claro que estes cinco anos, de espaço de tempo, são flexíveis, porém o que me importa é: toda uma vida que poderia ser realizada a partir da exuberância (الوفرة), passa a ser organizada a partir da miséria (البؤس). só de pensar me dá arrepios. a humanidade firmando acordo com tudo o que é valorizado pelos paladinos do estado militar e burocratizado e pelos paladinos da hierarquia empresarial e do status de três ou quatro profissões que lhes são cruciais. a vida centrada na cautela (الحذر), na ordem (ترتيب) e no progresso (التقدم). delicados olhos ofuscados pelo intenso brilho do alívio institucional público, privado e do costume (مخصص).

casamento, educação dos filhos, carreira profissional, impostos, prestações, horas de lazer: os leitos enfermos da vida (مريض سرير في الحياة). momentos felizes regidos, ou por representações imaginadas por publicitários e formadores de opinião, ou lançados por ilusionistas religiosos para um além mundo. toda exuberante vaidade (الغرور مندفعا) e orgulho (فخر ) da juventude, de ser e parecer mais do que se é, trocada pela ninharia (تافه) da prudência, da ilusão de segurança, da idéia de conforto, da preguiça e do realismo enquanto conformismo (الانسياق) ou niilismo contemplativo (العدمية التأملية).
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

claudia gadelha e o feminismo definitivo

a grande política da vida (السياسة حياة عظيمة) se resume numa idéia simples: poder (يستطيع) - possibilidade e potência do fazer; a realização positiva em uma luta, em um jogo e em um debate. sua versão perversa é o poder sobre o corpo alheio - por reduzir todos os conflitos a apenas a aniquilação e ao sujeitamento do/a 'adversário/a'. qualquer dominação (الهيمنة) tem aí seu fundamento último: país e mães educando filhos e filhas na porrada e em castigos; maridos espancando suas esposas; a polícia batendo em alguém para fazer durar o estado; o conselho de segurança da onu; o exército nas fronteiras; invenções de infernos (الجحيم) [almas sentindo as mesmas dores do corpo]; etc. daí a única igualdade possível é a igual potência da aniquilação entre pessoas. simples como a cadeia alimentar (السلسلة الغذائية). caso contrário, porque tanto esforço e investimento financeiro (orçamentos exorbitantes em pesquisas e desenvolvimento de armamento) e moral (refinamento de técnicas de tortura e assédio) para que alguém tenha o monopólio da violência (احتكار العنف)?

já tá bom de generalidades (عامة). vamos a algo mais específico (محددة). a relação de poder entre homens e mulheres, em toda sua exuberância de masculinos e femininos - um genital (الأعضاء التناسلية) é um parte muito reduzida para entendermos essa belíssima multiplicidade (تعدد). vamos lá. mas, deixe eu colocar apenas um lembrete (تذكير): a consequência psíquica (نتيجة النفسية), refletida no papel e na representação social em ser mulher, do sofrer a violência masculina à milênios, jamais pode ser considerada como essência feminina (المؤنث)! é um vício (إدمان) vê-las e tratá-las como, passivas, introvertidas, fracas, receptivas, emotivas, vingativas, etc. feito esse alerta contra a ignorância e o vício milenar, sigamos.

nesta semana, uma amiga de buteco me perguntou o que eu achava da claudia gadelha - cujo apelido nos ringues de vale-tudo (خاتم) é claudinha. no momento eu respondi à ela que não sabia quem seria tal mulher. mas que assim que eu a conhecesse melhor eu responderia sua pergunta. dito e feito. o youtube me foi indispensável. depois de vê-la maravilhosa nos campeonatos de luta (قتال) e no programa pânico na tv, ela me abriu a mente! sem sombra de dúvidas, claudinha representa a maior expressão do feminismo definitivo (النسوية النهائي). sensacional mulher realizadora irreversível da grande política da vida qu'eu disse logo acima. com seus golpes (الضرب) ela disse mais sobre a igualdade de gênero (المساواة بين الجنسين) do que qualquer texto feminista jamais conseguiu alcançar - um corpo é, ao mesmo tempo, sensualidade e máquina de guerra de guerrilha.

certa vez uma outra amiga me contou uma história que significava o fim da violência contra a mulher. dizia o seguinte: imaginemos um beco semi-escuro às 3 da madrugada; neste estaria uma mulher prestes à cruzar com um homem pelo seu caminho; no exato momento à ambos ocorreria uma sensação - a violência de gênero não faria mais sentido se o homem não ficasse tentado em fazer algo que a mulher não quizesse, e esta, não se sentisse ameaçada por apenas cruzar seu caminho com ele. assim, se claudia gadelha se tornar exemplar, os machos terão que achar outro modo de como atravessar esse caminho do beco, pois nele o rei está nú! e com o rabinho entre as pernas (الملك عار من ملابسه! ومع ذيله بين ساقيه).
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domingo, 27 de setembro de 2009

não sou um, sou uma legião!

como um ronin caçador de senhores de províncias (اللورد ); que faz de sua embriaguês a arte de sua espada (السيف); que não faz do niilismo seu caminho (مسار) e virtude (لأن); - - iniciei uma nova jornada. não me interessa mais subjetivar (ذاتي) tudo - estava dando muito poder aos psicólogos. ser indivíduo (الفردية) é sucumbir à idéia de que estou só (فقط) e, assim sendo, todo o resto é grande demais. frente ao universo, ser um grão de areia? frente aos deuses e deusas, um mísero mortal ou mísero pecador? frente um estado, um cidadão fraco e substituível? frente os senhores das armas, uma presa ridícula? frente ao coletivo, sou apenas um indivíduo? é claro que meu rastro histórico (درب تاريخية) é único. somente isto me é de propriedade. único? claro que não! são múltiplos (متعددة ) meus rastros históricos!

não sendo um indivíduo, o que ser então? ah, que tal... ser uma legião (العباقرة)? um ser múltiplo! um divíduo! como o próprio acontecimento de luz nas trevas da cristandade. Lúcifer (لوسيفر)! hahahahaha! quão engraçado não ter apenas uma persona (شخصية) - não ser apenas uma persona indivisível. psiquiatras tarados adorariam enfiar em nosso rabo (حمار) as últimas drogas dos patrocinadores de sua ciência. padres e pastores sedentos eroticamente para nos espancar em sádicos (سادية) exorcísmos espetaculares. policiais e todo o resto do sistema jurídico embriagados com a idéia de nos punir exemplarmente justificando falsidade ideológica (تحريف).

quanta tecnologia de espionagem (تكنولوجيا التجسس) é utilizada para saber e controlar quem é quem? escutas e grampos telefônicos, vídeos ocultos que rastream, informações roubadas de computadores, detectores de documentos falsos, sistemas que rastream pessoas, veículos e qualquer outro objeto, gps, visão noturna, biometria, satélites, detectores de mentira, grafotécnica, etc. porém, nenhuma delas é páreo para uma legião. assim, é chegada a hora. o grande tempo da autoproteção e das tecnologias da contra-espionagem! o grande tempo do abandono da vitimologia (الضحية) da ilusão. chega de ilusionismos (الوهم) sem patologismos ou exorcismos. chega de raciocínios tranquilizadores e tranquilizantes para um "eu" - são no mínimo dois, garantidos pelos hemisférios independentes de nosso célebro. é sofrimento demasiado cruel ser indivisível. esta preguiça (الكسل) ativa (نشط), neuroticamente (العصابي) produtiva (الإنتاجية), do espírito nos tiram do júbilo e do gozo do acontecimento das coisas - demasiada atenção é gasta às consequências.

ser de todas as nações (الدول), enquanto cultura e língua, ao mesmo tempo em que não se é de nenhuma
- anacional!

ser primitivista (بدائية), sem voltar. seguindo em frente, como um caçador e coletor do paleolítico (تعود إلى العصر الحجري). toda a tecnologia está aí na nossa frente. propagandas de marketing dizem que temos de consumí-la. pois bem, aceitemos! mas... quem foi que disse que que temos de pagar pelo o que consumimos?
- neo-paleolísta!
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

anacional neo-paleolista

acabo de voltar do norte do brasil. lá encontrei nos povos da amazônia - erradamente chamados de indígenas (السكان الأصليين)! -, a mesma sabedoria dos povos do deserto (شعب الصحراء): se sedentarizar dá merda! qualquer liderança (القيادة) que se preze desses povos, só é autoridade, no momento em que, seus demais, apostam em sua sabedoria de que chegou a hora de circular. o saber necessário do movimento. ficar parado é o mesmo que criar fundamentos. se não abrir caminho não se avança. daí senta-se e pode esperar a chegada da teologia (لاهوت), do nacionalismo (القومية), do belicismo (المثيرة للحرب), do totalitarismo (الشمولية) e até do niilismo (العدمية) - adorei descobrir o significado desta palavra, ela diz quase tudo!

ao ficar parado muito tempo é inevitável o nascimento do que podemos batizar de "estado de merda" (كلام فارغ). aí ferrou tudo. por exemplo, ontem alguns estados tentaram nos enganar queimando um fósforo e borrifando um pouco de aerosol perfumado. disseram que, podíamos nos acomodar, pois aromatizado de comunismo (الشيوعية), a felicidade seria garantida. sim, muita gente sentou e esperou. resultado! tal promessa faliu com retumbantes desgraças! paralelo à essa falência, outros estados tentaram esconder sua merdessência com a fragrância chamada capitalismo (الرأسمالية). o poder desse odor era o de pegar todos os que seguiam adiante e transformá-los em consumidores (المستهلكين) obesos e supremos do máximo possível de mercadorias (السلع). esses assim prometeram a felicidade. resultado! outro sistema incapaz de cumprir suas promessas. mais retumbantes desgraças...

novamente no planalto central do brasil, pergunto: amigos e amigas caminhantes (مشوا), e agora? para onde ir? ah, antes que tentem me responder, gostaria de ouvir algo diferente do que é falado em ladainha (ابتهال) pelos sedentários e sedentárias que ainda têm esperanças (أمل). seria maravilhoso que não houvesse na tentativa o seguinte repuguinante meio-termo: "deve haver um lugar onde esteja em perfeita harmonia a liberdade e o conforto". vos alerto! ou se é turista (السياحة) ou se viaja à vontade (التائه). pois é triste que a tragédia e a aposta possam se tornar um melodrama (ميلودراما) de quinta categoria cujo tema é, ora uma juventude cuja liberdade é paga pelos pais, ora uma terceira idade que pode pagar pela própria liberdade mas seu corpo e espírito já não lhes ajudam mais.

paro agora de escrever um pouco. ao tempo de terminar meu narguilê (الشيشة) e minha dose de chá preto com rum (الروم). enquanto isso pensem na possibilidade de responderem à minha pergunta...

...

ah, não aguento esperar. antes de eu ir, me desprezem, pois eu mesmo me responderei: sem raízes me qualifico de anacional (عديمي الجنسية)! e sem ismos me auto-intitulo neo-paleolista (تعود إلى العصر الحجري الجديد)! se eu voltar dessa, eu lhes conto como foi.
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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O que fazer com tanta saúde?

meus pensamentos estão em ato (العمل). portanto não tenho o menor interesse pela demonstração (مظاهرة). só me é importante a experiência (تجربة). nada previamente. tudo diário de bordo (شهادة). é somente depois de ter vivido por completo minhas paixões que tomo do teclado para escrever minhas idéias. essa postura sempre foi considerada como um apêndice exótico sem legitimidade própria. tudo bem, aceitando o caráter de ser um apêndice (التذييل) terei de inflamar. portanto, hoje serei o "apêndice inflamado de jack". sendo jack os sanitaristas, membros do lobbysmo público brasileiro, que tive a oportunidade de conhecer em uma conferência de saúde pública.

como pode cientistas se (con)fundirem com os ideais cristãos. como alguém da ciência (العلم) pode ter a visão centrada na filosofia medieval cristã? pode ser que, por ignorância histórica, tenham se esquecido de sua herança das cruzadas (عبر), ou da igreja estruturada como poder, mas naturalizar, ou biologizar uma trama arbitrária entre investigações científicas, a indústria farmacêutica, o status dos profissionais implicados, a política sanitarista, a cultura clínica do cotidiano e a sensibilidade dos pacientes, é colocar em xeque (كش ملك) o bem estar de qualquer animal bípede da ordem dos primatas pertencente à subespécie homo sapiens sapiens.

fui até lá pois minha questão (السؤال) é simples: o que fazer com tanta saúde (صحة)? e só exigência uma coisa: que a resposta, pensada em sua forma negativa, não me sirva para responder a questão, o que fazer com tantos transtornos físicos e mentais? pois são questões completamente diferentes. simples! queria apenas entender essa cultura cuja felicidade é associada ao desejo de imobilidade (الملكية), eternidade (الأبدية) e imortalidade (الخالد). e mais, por que a organização mundial da saúde (oms) está tão empenhada nisso?

pois bem, criaram a saúde em si! tão grandiosa e poderosa frente à nossa carne, ao nosso sangue e ossos. sim, somos frágeis e falíveis, por isso devemos negar os atributos e prazeres da carne e dos sentidos? não podemos desfrutar sua plenitude efêmera? devemos ter uma vida inteira de privações, como a bulimia e a anorexia, ou viver fazendo dietas, ou paranóicos com vigorexia? daí inventaram uma coisa chamada auto-estima, depois biologizaram nossas frustrações e nos condenaram ao auto-diagnóstico da depressão e de seus remédios tarja preta. depois elaboraram uma espécie de utopia da carne: viver em micro-circuitos fechados, limitando ao máximo nossas trocas ao mínimo estrito da santidade - o homem obtém um escasso prazer, e a mulher, nenhum.

triste constatação: quem não é capaz de desfrutar de todos os artifícios dos prazeres dos sentidos e dos estímulos da carne, e não o faz por qualquer racionalidade ou fé, é um tirano que tornou a saúde, não uma virtude da exuberância, mas sim o pior dos vícios da miséria.
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terça-feira, 18 de agosto de 2009

nem o conhecimento, nem a ignorância é causa da felicidade

no espírito humano ainda há uma grande parte da milenar submissão do idiota (تقديم من الغبي) em relação a um consenso de todos os sábios (حكيم). isso suportado pela superestimação na crença de que a ignorância é prova da felicidade. o domínio sobre séculos de uma "sabedoria" não é prova favorável alguma da sua validade. vou rir mais uma vez! toda benção e benefícios recebidos por milhares de asnos e bestas, ao longo de toda história, nada provam quanto a verdade (صحيح) de ideologias, religiões, filosofias e ciências. nesses espírito paupérrimos, ser feliz é uma grande expectativa cega. nem mesmo há um ínfimo rastro de uma política básica de apostas (الألعاب). até mesmo um certo físico alemão da primeira metade do século passado chegou a dizer: "deus não joga dados com o universo". ou a frase 'humana demasiada humana' de um engraçadinho que em nome da idiotia escreveu: "nietzsche morreu. ass: deus". ah... esses corpos e carateres. tudo o que podem fazer é prescrever uma idéia fixa (هاجس ).

rindo, posso afirmar que a felicidade é na prática uma aposta. o feliz fugidio, ou o antisábio gozador- não o ignorante (جاهل) voluntário ou não! - aposta a felicidade gozada enquanto eternidade contra a importância pela qual o bem estar diário, ou de alguma outra fração de tempo, será gozado efemeramente no tempo. ao longo de uma maior parte do tempo, o feliz "perde" a aposta. ou seja, não goza da felicidade eterna. mas, se gozar efemeramente em qualquer que seja o momento, ele "ganha". as probabilidades contrárias ao bem estar diário tornam-se matematicamente maiores do que as da felicidade gozada enquanto eternidade. se o contrário ocorresse na prática, as idéias fixas - religiosa, filosófica, ideológica, científica - de felicidade eterna existiriam. portanto, de acordo com a expectativa cega, ou da abdicação do efêmero, ou da falta de uma política básica de apostas, gozar efemeramente no tempo não é viável. mas o antisábio gozador- não o ignorante voluntário ou não! -, ou o feliz fugidio, nos diz o contrário.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

'zina', o poeta de uma só palavra

domingo passado, entre uns tragos e outros, perdi uma aposta com um de meus trágicos amigos. o preço que tive de pagar foi assistir um programa de um canal de tv aberta: o chamado "pânico na tv". e não era só isso, havia um a mais: assistir um dos quadros do programa e tentar extrair dele alguma "lição profunda" da condição humana. o quadro escolhido por ele foi de um rapaz apelidado de "zina" - um jovem da periferia de são paulo, torcedor do corintians fc, que se transformou em celebridade por ter dito uma única palavra: 'ronaldo'.

pois bem, aposta à pagar, desafio aceito, eis minha "lição profunda":

em que pé anda a arte? senti, ao assistir o programa referido, uma enorme felicidade. nele vi que a experiência artística morreu antes da religião. queima-se, com isso, uma importante etapa no processo de insurreição contra as misérias do espírito: a arte, ou a experiência artística, foi despojada de qualquer caráter de necessidade em termos de processo vital. morreu. deixou de ser uma irrupção no real. parou "de deixar a vida mais leve". se sua morte foi causada por acidente, doença, infecção ou velhice adiantada... não importa! não há nem mesmo o assombro pela sua falta - nem foi repentina. nem a ilusão de que a morte não ocorreu foi necessária. 'zina' o ilustre arauto, supressor do luto, chamado de 'o poeta de uma só palavra'. para quê mais? uma única palavra dita e jaz! o fantástico, o incerto, o sentido para o simbólico, o místico, o extremo, a crença no milagre de alguma genialidade, foram todos varridos da história! sem ocultamento, vergonha, raiva ou temor. fundamental como salto evolutivo. 'zina', com uma única flecha acertou em cheio o coração de ânsias da arte. e assim nos acorda do grande erro que é imaginarmos que havia muita felicidade ligada tanto à experiência artística, quanto à vaidade em ser artista.

enquanto isso... para além da descrença na inspiração, do desprezo por qualquer sofrimento que algum gênio já sofreu e, para além do crepúsculo da experiência artística, anunciadas por 'zina', deus ainda se estrebucha nos pedidos, promessas e mandingas feitas por todos torcedores e torcedoras para seus times. seres cristãos, suficientemente macumbeiros, pagãos e materialistas radicais, ao mesmo tempo!, viventes dessa experiência intemediária de queima de etapas. mesmo tendo realizado tamanha insurreição, ainda os rondam o perigo dos manicômios, das prisões e dos conventos.
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sábado, 25 de julho de 2009

não! a todo choro fúnebre do livre pensar!

confesso que me incomodava muito ver as idéias anarquistas tornarem-se choros fúnebres do livre pensar. pois, de onde vim, os mitos de mobilização coletiva não interropiam o movimento inercial das metafísicas dos hábitos. no máximo se abriam às certas noções convenientes. quantas perturbações revolucionárias a extrema direita nacionalista, a extrema esquerda pseudo-revolucionária, fascistas, terroristas de estado, e totalitários de todas as estirpes não apropriaram? ao conhecer alguns atos ocidentais anarquistas - principalmente a dos ilegalistas - vi neles a explosão do ideal de mediocridade conservadora. estes sim poderiam levar à ruina todas as instituições de que vivem a mediocridade covarde dos ativistas do capital, dos estados e das religiões. pórém, não me incomoda mais. nada criado antes de mim, me é direção e sentido para minha autorealização. ah! não penso aqui em auto-suficiência. penso apenas em me recolocar na pura duração das coisas.

pensamento em ato! nada tem à ver com fatos consumados, nem com representações aceitas antes das ações. não ser confundido com intelectual. pois não tenho as supertições de livros! me alio a certos atos criminosos que podem se tornar meritórios e até heróicos. falo exatamente dos meios democráticos que a democracia adoraria controlar: o descentro, a relatividade e a desterritorialidade. me alio a toda política social não baseada na covardia daqueles que realizam sua existência no entreter-se. a questão fundamental não é mais entre 'ser' e 'ter', é sim não deixar que 'ser' seja 'entreter'. talvez pior! que 'estar' não seja 'descansar'!

usando termos ocidentais posso afirmar que, antigamente a autonomia do proletariado era vista e temida. tudo que daí provinha era criminalizado. porém, o proletário se acomodou na organização do trabalho realizada pelo capitalismo. burguezou-se progressivamente ao longo de um século. onde parlamentares socialistas venderam a tranquilidade aos conservadores, uniram-se à igreja e aos moralistas, e se deliciaram em manobras pacificadoras na criação legislativa da paz social. e agora, o que resta em nossos espíritos? que ilegitimidade ainda é vista e temida? darei um único exemplo! a autonomia da comunidade carcerária e suas forças externas que criam pensamentos impossíveis de facilitar algo aos críticos e aos pensadores institucionalizados.

este mês todo tentaram nos empurrar goela abaixo que seria um absurdo traficantes do rio de janeiro terem suas próprias estufas de plantio de maconha, centrais telefônicas, oficinas de armas e até suas próprias enfermarias. criminalizar profissionais da saúde por associação ao tráfico? façamos o seguinte! nós os que não produzem estados, religiões, ou qualquer forma de escravidão! é crime a associação aos donos da galinha dos ovos de ouro! empresas, voluntariado, estudantes, profissionais liberais, ongs, funcionários públicos, beatarias, enfim todos e todas que covardemente se encondem por baixo de considerações morais, literárias e sociológicas do estado policialesco de merda, são criminosos! assim, diz a minha livre justiça autônoma!
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quinta-feira, 16 de julho de 2009

o insuportável enfrentamento comigo

adoro tudo que não possui um significado mítico! nada saber a respeito de atividades "divinas". não sentir falta alguma de modelos exemplares. tudo dessacralizado e pronto. só assim surge meu amor. porém este não está melhor situado que a mais ínfima sensação. daí danço, sem imitar gestos de seres sobre-humanos nem comemorar momentos ancestrais. caminhar por aí sem que um ancestral, um deus, um animal totêmico ou um herói me seja mágico, terapêutico ou farmacêutico. passar o tempo sem referenciá-lo a algum momento cósmico decisivo. nenhuma redenção. nenhuma arte divina, beatitude ou eudaimonias. adoro que qualquer de meus atos não tenha revelação ab origine. zero exemplo ad infinitum. abolição da realeza da realidade. pois é, somente quando se passa alguns dias preso, em uma cadeia suja, e se conhece outros detentos, vê-se que a família, educadores e educadoras ofendem mais nossa inteligência do que qualquer criminoso.
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domingo, 21 de junho de 2009

sacrifícios humanos

hoje pela manhã, em minha conspiração diária (o que habita meu coração não habita o coração das coisas), pilotando passionalmente meus instrumentos intelectuais de avaliação (até os instintos vem a ser históricos), e caminhando por esse horrendo canteiro de obras inúteis que é brasília (que forma a sociedade brasiliense tem sob a influência desse medíocre modo de pensar e sentir?), alcancei um pico e pude ver mais um horizonte de miserabilidade se abrir: a multidão se arrebanha por que o interesse egoista de cada um tende a uma proximidade geográfica. assim torna-ne possível estimar e controlar o "estado de espírito" de, pelo menos, uma cidade inteira!
quantos deixam de ser o que se quer para apenas se preocupar com o patrimônio e o enriquecimento alheio? - quanta polícia (dentro - moralidade - e fora das cabeças), empresas de segurança (pública e privada), indústrias de armas e seus acessórios (legais e ilegais), políticas e treinamentos de funcionários contra perdas e danos, pesquisas "científicas", e corporações carcerárias!!! é muita gente empregada aí. até sindicatos têem.
quantos deixam de estudar para serem balconistas, garçons, diaristas, secretárias ou manobristas ou fazem isso em dupla jornada? sacrifícios humanos e desperdícios de paixões apenas para servir a uma fantasia romântica da possibilidade de sucesso. uma vida inteira ou correndo atrás de um delírio coletivo de perfeição e realeza, ou correndo atrás da compra de carros, roupas, eletrodomésticos e tecnologia para se entreter, ou acomodado no que a decência, a honestidade e os valores familiares cunharam a ferro e fogo, ou tudo isso ao mesmo tempo. é pouquíssimo o número de pessoas que dirigem os destinos do mundo. enquanto isso há muitos se acotovelando nos shoppings e nas feiras de importados por aí aos sábados e aos domingos!
quantos acreditam no sebrae (serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas), que ser empreendedor é o modelo último de existência? que o neo-liberalismo é o frescor de uma cultura do progresso eterno? que todos os graus e gêneros de economia estão fadados à marginalidade ou ao fracasso? que é uma intolerável estupidez ou um delírio fanático insuportável negar ou ser indiferente à publicidade e ao marketing? que a qualidade de vida da humanidade atinge alturas deliciosas apenas quando a vida estiver completamente subjulgada ao mercado e às especulações da bolsa de valores? setores de atuação, modelos de gestão, patrocínios, orçamentos de sistema, assuntos legislativos, prêmios, oportunidades, estudos, pesquisas e inovações são inventadas e defendidas com armas até os dentes diariamente!
quantos acreditam que exista algum laço rigoroso, intrinseco e inexorável! entre instituições projetadas à séculos e seu curto período de vida? em algum momento já fomos perguntados se queremos, voluntariamente aderir, sem custo algum, a uma hierarquia, a um relação social, a uma concepção de mundo, a um costume, a uma cultura, a uma educação, a uma instrução? morremos para quem viver? trabalhamos para quem ficar com tempo livre? de qual bastidores estamos para garantir que este circo dos horrores jamais deva parar?

acabemos com o senso de realidade! guerra de morte à tirania dos valores tradicionais!
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terça-feira, 16 de junho de 2009

por um exuberante neo-cangaço

caminhando pelas difamadas ruas do p sul, na ceilândia, não demorou muito, um jovem com uma camiseta da gaviões da fiel se aproximou de mim. ele estava com alguns papeis debaixo do suvaco e um certo sorriso embreagado. pensei logo que ele devia ter acabado de assistir a alguma reprise de gols de seu time. pré-conceito mesmo. ao ficar cara a cara comigo o jovem me falou:

"ei, tu conhece um cara que foi ao mesmo tempo guerrilheiro e crítico de futebol?"

eu respondi: "você não vai acreditar, mas eu conheço sim. o nome desse cara foi carlos marighella".

o jovem me olhou com uma curiosidade irônica e sorrinso me disse: "porra! tu saca! acabei de montar esse material aqui ó". e estendeu a mão para mim com um dos montinhos de papeis outrora debaixo do suvaco. era uma encadernação amadora do "manual do guerrilheiro urbano" recheada com fotos, uma cronologia, uma entrevista publicada na frança após a morte de marighella e seu poema "rondó da liberdade". pré-concebi novamente: "como pode? alguém da geração pós-abertura de 1984, ainda por cima fanático por futebol, ter esse tipo de interesse?", daí continuei: "está bem, mas o que significa isso?"

ele respondeu:"mano, os muleque tem que pará de matá uns aos outro. tamu fazendo o trabalho dos poderosos. (...) o preto sempre tem na frente a polícia, nossa maior inimiga. e nóis matando neguinho que num é nada. a gente tem que canalizar as força pra atingir quem nos oprime. lembra do carandirú? lá os preso mostraram a fragilidade do estado. agora a gente tem que nos organizar aqui fora. eu sempre lembro pros mano da fiel a pregação sobre a revolução que prestes fez no pacaembu pras torcidas do corinthians, do são paulo e do palmeiras (...)". (isso foi em 1954)

com certa melancolia, confesso ter contemplado as necessidades de uma certa parcela das massas, representada por aquele garoto. tão evidente que ele me perguntou se eu era interressado em salvar o mundo. dei um sorriso irônico e respondi:

"o mundo não quer ser salvo. não precisa disso. não há mais trabalhador alienado. todos são conscientes de suas misérias. nos butecos, nas feiras, nas igrejas, e até nos estádios, todos sabem o que fazer para mudar sua situação. o que o mundo quer é alguém para seguir. é alguém que lhes diga o que fazer. somente isso. certamente não me interessa salvar o mundo. porém, me é de extrema importância transfigurar minha existência! se eu conseguir, terá de ser tão abundante que transbordará para algum lugar. minha fórmula para isso é simples: é necessário se decidir de que maneira deve morrer. caso contrário, terá uma morte desonrosa. ou seja, morrerá de cansaço, aposentado com e preguiça de viver. ah, e que marighella seja para vc o ele foi para baader e meinhof na alemanha, e para os zengacures no japão."

para minha graça o jovem concluiu, batucando um sambinha com as mãos e cantarolando o "rondó da liberdade":

"é preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

"há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.

"não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.

"é preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer. ´
"o homem deve ser livre...
o amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir quando não se é livre.
e no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.

"é preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer
."
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