Minha foto
sob uma belíssima tenda negra do beduíno sem tribo, nasci. Vaguei por desertos e mares, vivendo de pilhagens em nações com Estado e da hospitalidade de povos sem pátria. Daí insurgi contra todas as imagens miseráveis da condição humana. Este é meu diário de bordo.

domingo, 21 de junho de 2009

sacrifícios humanos

hoje pela manhã, em minha conspiração diária (o que habita meu coração não habita o coração das coisas), pilotando passionalmente meus instrumentos intelectuais de avaliação (até os instintos vem a ser históricos), e caminhando por esse horrendo canteiro de obras inúteis que é brasília (que forma a sociedade brasiliense tem sob a influência desse medíocre modo de pensar e sentir?), alcancei um pico e pude ver mais um horizonte de miserabilidade se abrir: a multidão se arrebanha por que o interesse egoista de cada um tende a uma proximidade geográfica. assim torna-ne possível estimar e controlar o "estado de espírito" de, pelo menos, uma cidade inteira!
quantos deixam de ser o que se quer para apenas se preocupar com o patrimônio e o enriquecimento alheio? - quanta polícia (dentro - moralidade - e fora das cabeças), empresas de segurança (pública e privada), indústrias de armas e seus acessórios (legais e ilegais), políticas e treinamentos de funcionários contra perdas e danos, pesquisas "científicas", e corporações carcerárias!!! é muita gente empregada aí. até sindicatos têem.
quantos deixam de estudar para serem balconistas, garçons, diaristas, secretárias ou manobristas ou fazem isso em dupla jornada? sacrifícios humanos e desperdícios de paixões apenas para servir a uma fantasia romântica da possibilidade de sucesso. uma vida inteira ou correndo atrás de um delírio coletivo de perfeição e realeza, ou correndo atrás da compra de carros, roupas, eletrodomésticos e tecnologia para se entreter, ou acomodado no que a decência, a honestidade e os valores familiares cunharam a ferro e fogo, ou tudo isso ao mesmo tempo. é pouquíssimo o número de pessoas que dirigem os destinos do mundo. enquanto isso há muitos se acotovelando nos shoppings e nas feiras de importados por aí aos sábados e aos domingos!
quantos acreditam no sebrae (serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas), que ser empreendedor é o modelo último de existência? que o neo-liberalismo é o frescor de uma cultura do progresso eterno? que todos os graus e gêneros de economia estão fadados à marginalidade ou ao fracasso? que é uma intolerável estupidez ou um delírio fanático insuportável negar ou ser indiferente à publicidade e ao marketing? que a qualidade de vida da humanidade atinge alturas deliciosas apenas quando a vida estiver completamente subjulgada ao mercado e às especulações da bolsa de valores? setores de atuação, modelos de gestão, patrocínios, orçamentos de sistema, assuntos legislativos, prêmios, oportunidades, estudos, pesquisas e inovações são inventadas e defendidas com armas até os dentes diariamente!
quantos acreditam que exista algum laço rigoroso, intrinseco e inexorável! entre instituições projetadas à séculos e seu curto período de vida? em algum momento já fomos perguntados se queremos, voluntariamente aderir, sem custo algum, a uma hierarquia, a um relação social, a uma concepção de mundo, a um costume, a uma cultura, a uma educação, a uma instrução? morremos para quem viver? trabalhamos para quem ficar com tempo livre? de qual bastidores estamos para garantir que este circo dos horrores jamais deva parar?

acabemos com o senso de realidade! guerra de morte à tirania dos valores tradicionais!

3 Comentários:

Anônimo disse...

Estamos aprisionados a uma hipnose da mediocridade. Mas, por que não nos lançamos em outras terras, em outros mares ... o que nos despertará? De que maneira arrancar as formas tradicionais que se impregnaram em nossas celulas. Somente a morte nos libertará? Quantas vezes morreremos então? Viveriamos no mesmo espaço dos mediocres sem sermos também mediocres? O dia hoje amanheceu sem sol. Minha liberdade ficou na madrugada que nunca será dia ...

7777Nishi disse...

E se um dia a certeza da incerteza provar que na pior e melhor das hipóteses o melhor ou o pior a fazer era apenas não preocupar-se com o que é inevitável porém evitável ?

Carlos Oliveira disse...

E a multidão é a cidade. O interesse egoísta é o sustento de cada uma das nossas construções vertiginosas, que apontam para o céu sem o sucesso pretendido de transcender as pequenas ambições.

Foi assim com a mediocridade de Oscar Niemeyer ao afirmar veementemente que Brasília simbolizava as aspirações e esperanças do povo brasileiro, e qualquer ataque ao projeto da cidade era um ataque ao próprio povo.

O interesse egoísta está sempre tentando sobrepor outro interesse egoísta. E assim sucessivamente, reunindo geograficamente para fazer uma pilha de merda para ir as alturas.

Postar um comentário

IP

  ©Template Blogger Elegance by Dicas Blogger.

TOPO