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sob uma belíssima tenda negra do beduíno sem tribo, nasci. Vaguei por desertos e mares, vivendo de pilhagens em nações com Estado e da hospitalidade de povos sem pátria. Daí insurgi contra todas as imagens miseráveis da condição humana. Este é meu diário de bordo.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

o nazismo espontâneo (النازية عفوية) das massas

por muito tempo pensei que o domingo era o dia internacional da manifestação do espírito avarento (روح طامع). estando este, livre da obrigação do trabalho, da escola e da obediência voluntária dos laços de família, o domingo era sua própria impossibilidade para ficar a sós consigo mesmo. o único dia da semana em que se pode fazer qualquer coisa que quiser da vida, viver lhe é impossível. o espírito avarento sobrevive com doses alopáticas de entretenimento. um dia inteiro sobrevivendo com a angústia de que o próximo dia será segunda-feira - o eterno retorno do ilusório embriagante (مخمور): trabalho, família e pátria. um dia inteiro sobrevivendo com o ódio de si mesmo (كراهية الذات) - mais incômodo que todos seus inimigos juntos - conspirando em favor do esvaziamento (إفراغ) de tudo o que é valioso, único, sem medo, sem culpa, e de intenso prazer. 

o pior do espírito avarento é a qualidade da convicção (الإدانة). não sabe e, muito menos, experimenta o suficiente, mas já é pleno em certezas. uma espécie de força contra qualquer outro espírito que adota a liberdade de estar pelo mundo (ويجري في العال). pois, pensar na possibilidade de que haja um outro espírito que possa se auto-afirmar de modo livre, sem o fardo da tradição e sem a ansiedade do que está por vir, para o avarento, é humilhante. e pior! a humilhação (الإذلال) vai tomando potência, como um cobra preparando seu bote. porém, sem alvo específico. torna-se um galpão de fogos de artifício prestes a explodir. a inveja, o ciúme e o ódio mal educado do avarento vão fermentando até chegar no estado de maturação irreversível do querer aniquilar (يريدون تدمي). torna-se algo de uma dor profunda.

ingenuidade, a minha, em pensar que apenas um dia na semana era o suficiente para o espírito avarento se manifestar. vão desejo de que em sua convicção havia um pouco de prudência ou timidez.o espírito avarento se manifesta enquanto riqueza espontânea dos meios de aniquilar. hum... acho que vou descrever esta minha extrapolação (الاستقراء) de outro modo mais reconhecível. ah! tenho uma notícia de jornal que vai me servir: a garota hostilizada por uma universidade inteira por estar usando uma mini-saia. vamos lá. geisy é o nome de meu espírito exuberante (الروح المرحة). alunos, alunas, professores, professoras, e seguranças são as manifestações, em tempo real, do espírito avarento na uniban - nome perfeito para um lugar de educação do desejo de aniquilar, universidade bandeirante! (كشافة) - porém, o tanto de manifestações atrasadas desse espírito não é brincadeira.

geisy, meu espírito exuberante, se auto-afirmou enquanto beleza feminina. uma amazona (الأمازون) orgulhosa de si. impecavelmente livre. sem culpas, sem arrependimentos e sem ressentimentos com o nazismo (النازية) espontâneo da turba (الغوغاء). geisy não precisa de fama. não precisa que sua intimidade seja exposta por câmeras de celulares nem especulada pela imprensa dita imparcial. uma mini-saia não é uma carta de intenções pornográficas (المواد الإباحية) de quem a usa. muito menos é um sinal verde para que machos (ذكور) ataquem físicamente ou que fêmeas (الإناث) acossarem moralmente. mini-saia é expressão de liberdade. é expressão de se estar no mundo de modo à vontade. independentemente se as pernas forem bonitas ou feias. não é uma questão estética apenas. é questão de ser, de vida (حياة) e vivência (تجربة). a mini-saia de geisy não é, e jamais foi, responsável por trazer à tona o querer aniquilar do nazismo espontâneo de uma sociedade aborrecida, invejosa, ciumenta e vingativa contra tudo o que é auto-afirmativo e prazeroso. as pernas expostas de geisy foram apenas um álibi para a manifestação inevitável do espírito avarento que a natureza, em sua indiferença fundamental, produz aos montes pelo mundo.

1 Comentário:

Anônimo disse...

Ola camarada,
ja que estou dispostx a comentar, faco um pequeno adendo ao seu (como sempre) belissimo texto. A dupla moral do macho capitalista e patriarcalista é impressionante! Ao mesmo tempo que xingam a Geisy sao capazes de irem na banca comprarem uma "playboy" dela! Assim fazemos um país de babacas facistas, que de dia sao explorados por seus patroes e de noite exploram as sua mulheres. Dupla moral é para fracos que nao conseguem impor a sua moral em uma sociedade decadente como a nossa!Viva Qullasuyu!

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