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sob uma belíssima tenda negra do beduíno sem tribo, nasci. Vaguei por desertos e mares, vivendo de pilhagens em nações com Estado e da hospitalidade de povos sem pátria. Daí insurgi contra todas as imagens miseráveis da condição humana. Este é meu diário de bordo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

dos encantos do livre curso dos instintos de morte: matar como se morre

são apenas dois os tipos de epistemologia: o modo de conhecer policial e o modo de conhecer delinquente. o primeiro quer ser senhora absoluta de tudo. Quer tornar tudo ficção, símbolo, mistério e ídolo. Já o segundo tipo... é criatividade não mediada.

a epistemologia policial comete os piores atentados contra todos os acasos felizes. luta como um sacerdote. serve como instrumento de sacrifício. instaura o império da mediocridade como garantia e defesa do futuro. virtude de máquina. torna as paixões e os entusiasmos um problema de economia. felicidade do ignorante. sua principal função é vencer a vagabundagem e tudo o que se move. tudo tem origem, causa e consequência. operam pela captura e pela fundação. a submissão lhe é ordem natural. conformidade, repetição e regularidade. divisão do trabalho, domesticação e cultura simbólica. é agente inibidor e controle maior. é violência organizada, guerra, administração, justiça, política, instrução pública, bancos, bolsa de valores, crédito, seguros, proteção civil, poupanças, beneficiências, cultos, finanças, alfândegas, comércio, agricultura, indústria, transporte, saúde, educação, arte, comunicação mediada, famílias nucleares, lar, práticas centralizadas, sedentarismo, religião, estado, trabalho, civilização, autoridade, linguagem, moral, império, república, pensamento, entretenimento, reprodução, propaganda, punição, perdão, ideais, compaixão, espiritualidade, abstração, coerção subjetiva, cibergnose, autonegação, ressentimento, carência, ordem e progresso.

somente um outro conhecimento radical é capaz de se defender e parar a marcha invasora do conhecimento policial. eis o conhecimento delinquente. minha epistemologia aventureira, imoralista e criminosa:

é uma operação de guerrilha que libera uma área. é horizonte de eventos efêmeros e auto-libertários. é uma temporada curta, porém alegre. é psicologia da liberação, antropologia natural, sociologia dos sentidos, misosofia. é uma tática ativa e errante. anti-cura, anti-educação, anti-governos. geo-autonomia. não se perde tempo com discussões. é suporte de tudo o que é dito. não sofre do sintoma da unificação fisiológica. é luta, jogo e aposta. nenhuma relação causal. nada é verdadeiro nem falso. nada é em vão. é aniquilação da moral enquanto confiança, veneração, verdade, imparcialidade, correção e temor de julgar. nenhuma modéstia. nenhum respeito a si mesmo. tudo é acontecer e afeto, não um ser. é contra a polis e a urbe. pode até trair tudo. incapaz de ser interiorizada pelas funções policialescas. êxtase, extrema agudeza, extrema mobilidade e estado explosivo. é delícia do inferno. estrangeiro em sua própria língua e lugar. nenhum "dever ser", sacerdote, rei, patrão e pai. é tempo livre significante. nenhuma orientação trabalhista ou producionista.

imagine a consciência emergente do destino que o abandono da resistência guarda para nós. o que nos resta? o movimento inercial de um ataque vigoroso. crepúsculo da revolução das idéias e novos dias às insurreições das intenções.

daqui inicio minha cultura sem cemitérios!

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